O termo “adolescência” vem do latim adulescens ou adolescens- particípio passado do verbo adolescere, que significa aquele que continua a crescer.
A adolescência é a fase em que se dá a passagem do sujeito da família para a sociedade, período em que se aprende a “navegar em alto mar”.
Para pensar no adolescente, precisamos antes analisar qual adolescente que estamos falando: em qual tempo e território ele está inserido, afinal o (sintoma) que se apresenta singularmente é sempre atravessado pelo (sintoma) social.
O adolescente irá produzir uma resposta desse lugar que lhe foi dado (lhe foi transmitido), e cada geração trará uma contribuição à geração anterior, enriquecendo assim a cultura. Idealizar o passado não nos dá nenhuma saída, pois foi este passado quem nos troxe para o presente. Olhar para o passado sem idealização é uma forma de dizer para a geração seguinte que o mundo não foi sempre igual. Ainda, enquanto adultos, precisamos sempre lembrar que nosso saber não recobre todo não saber do outro (adolescente) . Nesse sentido, nosso papel é poder estimular o compromisso social do adolescente, para que ele possa ir para o mundo e transformar (-se). Como sujeito ele tem a possibilidade de subverter a ordem, de uma história que não está escrita.
Podemos pensar a adolescência como uma travessia, em que “a sorte está lançada”, onde não há a possibilidade de voltar atrás, e não existe nenhuma certeza se irá vencer do outro lado.
É um momento propício para o desencadeamento de crise, onde surgem muitas dúvidas, como : qual curso vou fazer, como vou ganhar meu sustento. O adolescente recorda para o adulto o que é estar em crise, e nesse sentido o adulto tem uma tendencia de querer silenciar o adolescente, e na sociedade cria-se uma “pandemia de diagnósticos” (tdah para jovens escolares; bipolaridade para os adolescentes).
Nesta fase é o período em que o adolescente irá re-construir uma imagem, para além do que é posto na família, uma vez que nem tudo que acontece nesta família ele concorda. É o momento de questionar os pais, sair do lugar de ser só filho. Para isso é muito importante o apoio da família extensa (avós, tios, primos), da comunidade escolar e dos amigos.
No imperativo do “seja feliz”, muitos adolescentes ficam presos na fantasia (metaverso) ao invés de lutar para transformar no mundo naquilo que acreditam. Poder fazer da falta uma invenção possível, no lugar do consumo pelos excessos.
Neste período é muito importante os pais apostarem naquilo que estão transmitindo aos filhos, a consistência desses ensinamentos, no lugar de ficarem presos pelo controle e medo.